quinta-feira, fevereiro 19, 2009

O dia em que plantei um homem

O firmamento contemplava meu momento
Aquele momento: eu e a semente.
Eu queria cultivar ali o que germina em meu peito,
o alvoroço do que sinto.
Plantar meu desejo.

O desejo das mãos dadas, dos passos cadenciados,
unidos no mesmo rumo.
Eu queria plantar ali, naquele solo fértil,
aquilo que brota em mim, na terra da minha alma,
Cultivar aquilo que me transborda e germina.

É...
O firmamento contemplava aquele momento,
O sol espreitava o meu agir,
Como um rito,
Um culto...
plantei o meu gêmeo,
aquele que me sorve,
me alimenta,
me faz sedenta.

Plantei aquele que me faz forte e frágil,
Muito e míngua,
O que agrada e descontenta,
Divide e multiplica,
Amor e o contrário.

É... plantei um homem,
Plantei MEU homem,
E junto dele meu desejo,
Que carrego no peito, alma e vida minha.


* Para ela, aquela moça que plantou um homem...
e eu... eu estava lá!

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Você estava lá. E desde sempre, era plantio ancestral. O avô escolhendo homenagear a vida que fez: com os ipês. E os ipês, que tinha feito sombra em mim, no início do ano, naquele mês que chegava ao final, em amis Ipês. Cartões e bordados, costura e raiz. Terra e nome. Sob os seus olhos de testemunha, o seu olhar que se fez letras. E assim, meu presente de aniversário. Fiz 40, e me fiz muda. Com brilho nos olhos de ouvir palavras de filho. Depois pensei: ah! foi muda de ipê! E que o amor se faça florescer. Obrigada!E que bom que te inspirou.
Ah! Acho que nunca te contei. E ele é alto, cabelos de cor clara e formas tênues, é belo, tem nome solene e voz tão bela, fala com facilidade e faz chegar aos ouvidos de um jeito de tanto brilho, como o amarelo das flores dos ipês que parecem acender, ou o branco límpido, ou o rosa que me faz pensar em almofadas que deveriam existir, ou o roxo...que meu pai dizia que era a cor do amor. Ah! Que cresça. Que cresçam resplandecentes, cada um, digno e elegante como o nosso avô. Que plantou tanto, ao ponto da sua mãe, minha tia, fazer escrita da "vida de família".
Cristi Barreto
P.S.: E era eu "aquela moça".