segunda-feira, dezembro 18, 2006

Meu salto

Brisa fresca, olhar fixo na imensidão azul,
me encontro diante de um abismo...
o abismo de mim mesma.
Sem hesitar salto...
num movimento súbito,
na busca lanço mão da sanidade,
mergulho nos mais profundos pigmentos de minha alma.
No mar extenso dos meus medos,
na negra gruta dos meus segredos,
na nódoa fixa das minhas melancolias,
no sabor picante dos meus desejos,
na ciranda saltitante das minhas alegrias,
no sorriso infantil das minhas esperanças.
Sem hesitar salto... num movimento insano,
em busca de mim.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Fato consumado

Sei que um dia ele amadurece.
Ê tempo bom. Compromisso com o sorvete, nada muito solene. Criancice, meninice...
Quem dos graúdos, povo adulto não desejaria tal papel? Pergunto eu.
Até mesmo aqueles com cara de moço importante, cheio de obrigações relevantes...
Sabe lá! Mas um dia ele cresce... amadurece e isso é fato consumado.
Infortúnio do SER.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Somos UM

Divido o contento,
o alimento,
o trotar e o vento.
Divido braço meu,
passo denso,
o suspirar e o desalento.
Termino o dia,
embalo a noite,
divido a cama e o pensamento.
Divido tudo com o mesmo intento,
sina, sorte e divertimento,
porque não seu eu só,
sou sim parte de ti,
e você... metade de mim.
Um só.

sábado, dezembro 02, 2006

Pirilampeando

Andei pirilampeando, brilhante como um lampião no breu... Claro, forte e sozinho como o bichinho.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

"Uma Amizade Sincera"

Dois amigos.

ele um encanto, ela o vento,
ele sentença, ela contingência,
ele pêra, ela maçã,
ele rock, ela talismã .

amizade sincera,
dessas que não se desespera
por esgotar.

certo dia não queria mais falar,
o assunto acabou,
o mar esvaziou,
a montanha se calou,
e a sinceridade vociferou .

aquela tal amizade
com sinceridade,
ainda mais se conectou
não mais queria analogia,
nada de pares,
nada de rimas,
assim foi feito.

Uma amizade dessas que respeito.
Com apreço, sinceridade do fundo do peito.

Sendo assim,
ela norte, ele sul,
cada um pro seu azul.

É... uma amizade um tanto sincera.
Continua sendo.

Para Clarice, a Lispector.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Outrem

Velo
revelo
levo
relevo
credo
credito
o dito
não dito
e
renego
e
cego
e
enxergo.

Revelo-me: Outrem.

segunda-feira, novembro 06, 2006

(...) o ódio enterra a gente... tranquei na bagagem (.)

quarta-feira, outubro 18, 2006

Minhas contas


Verter cristais, lágrimas minhas... contam minhas contas... contas de luz.

( . )

(...) me divorciei da dor (.)

segunda-feira, outubro 09, 2006

Ímpar



É daí que vejo, através da cavidade que me é ímpar... lugar meu e somente meu... enxergo o universo e o mistério humano.

Ultrapassa qualquer entendimento

Aquilo que é tudo e nada,
sentir-se completo e raso,
o mundo e indivíduo,
louco e ajustado.

Morre em agonia e calmaria,
profundo e doído,
alegria e estasia,
aquilo que arrebata e já basta.

Chama o egoismo e assusta o contrário,
desejo carnal e imaterial,
no ímpeto devota e divide,
ilude e palpita,
sonho perfeito, fato imperfeito,
as vezes rarefeito.

CELESTIAL... e tenho dito:

O AMOR ULTRAPASSA QUALQUER ENTENDIMENTO.

Sobreviventes

Toco o fundo da vida,
o abismo íntimo,
como poucos.

Salto e medo.

eu e meus irmãos,
todos em busca dela,
felicidade provavel.

Inalcansável.

Todos sobreviventes.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Aqueles olhos não eram meus

Velejar,
eu estava lá,
mar adentro,
meu pensamento.
Intenso, puro e fundo,
como o infinito daquele lugar.

Proa afora e nada como o vento,
pra espantar o que invento,
peito aberto e sofrimento.

Abro os olhos e cega vejo,
a forte brisa que me engole,
e frágil me absorve,
com pesar vem revelar...

Aqueles olhos não eram meus,
eram do mar...

quarta-feira, setembro 20, 2006

O oposto

Afogo
agosto
a gosto
sem gosto
o oposto
a contra gosto.
Desgosto.

Vi o menino dobrar a esquina

Eu vi o menino dobrar a esquina...

O tempo escoa
e a saudade chama,
flama.
Sorriso largo,
abraço quente,
ofegante.
Pra onde foi o menino?
Dobrou a esquina,
agora sem saída,
foi-se aquela Vida.

Não existência.
Ausência.

Fecho os olhos
e crente meu coração sente...
pura ilusão da mente.
Não sigo seu rastro,
não me prendo em sua fuga,
não distante,
desemboca na loucura.

Só sei o que vi... o menino dobrar a esquina.

sexta-feira, setembro 15, 2006

A vida é assim

a vida é assim
põe a mesa
água, pão e ar...
devoro como um leão faminto    
mastigo e sinto
as vezes doce
as vezes amargo
as vezes vomito
me farto, como e parto.

segunda-feira, setembro 04, 2006

"Encontros e Despedidas"

Comprei a passagem,
vi olhos tristes, felizes também.
Os meus diziam o tudo e o nada.

A saudade não partiu, pariu.
A estrada me ruiu e o sentido me atingiu.
Comprei a passagem...

Hesito e sigo.
Encontro o invisível... a esperança ao meu lado.
O caminho desenrola o tempo, outra estação.
É... encontro-me na próxima parada.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Revelar e esconder


chama branda. quente e lenta. invade. queima...
revelar e esconder.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Humano

O ser humano é difícil de entender, as vezes quente, as vezes frio, branco e preto, rígido e flexível, indócil e domável, insignificante e divino, grito e silêncio, covardia e coragem, amor e ódio. Ambivalente.
Tudo num mesmo pacote. É... isso mesmo, somos um pacote. “Quem compra leva o pacote” diria uma querida amiga.
Forças opostas e ocultas lado a lado. O legível e o invisível.
Acho mesmo que somos como um iceberg, a imensidão encontra-se escondida... nas profundezas. As vezes a invocamos e assustamos mesmo com o tamando do “mistério”! Mistério humano.
Todos os dias olho minha imagem refletida no espelho e não sei ainda quem sou, vejo o “lugar” físico, porém o “lugar” mental é um folhear, como a leitura de um bom livro... degustamos, mastigamos e engolimos e a cada dia o “corpo” pede mais, não se farta.
É... o ser humano é difícil de entender... somos como aqueles lugares remotos, que cientistas e curiosos insistem em explorar, mas há sempre um novo lugar. Um novo descobrir.
Até onde vamos? Que “lugar” é esse? Não sei, mas acredito que seja lindo, lindo.

Coisa linda!

quinta-feira, agosto 17, 2006

Meu sagrado coração


Meu Sagrado Coração,
Divino e Profano,
Entre o Céu e a Terra.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Sempre no percurso


Os caminhos se entrecruzam, se contrariam, se emaranham, se distanciam, se tangenciam, se entrelaçam... É preciso seguir.
Sempre estrada.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Invisível

O vento faz curva e a gente só o ouve,
as vezes é preciso ver o invisível...
O humano pode ser capaz disso.
Coisa Divina.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Jardim habitado

"Conhecer alguém aqui e ali que pensa e sente como nós, e que embora distante, está perto em espírito, eis o que faz da terra um jardim habitado." Goethe

quarta-feira, agosto 02, 2006

O "SER"

nada como "ser"
"ser" sem nexo
"ser" complexo

é... nem mesmo Freud explica...
tem gente que gosta de vinho com pão
outros de manga no feijão
uns querem muito, outros vão
uns querem filhos, outros não
uns amam muito, outros não
uns esperam, outros divisão
uns temperam, outros pimentão
o sim e o não
é... isso tudo as vezes no mesmo quinhão
dúbia união
coisa de alienado
mente de insensado
conversa de mentecapto
todo "ser" é assim (?)
ou eu sou "ser" assim (?)
complico...
vou proteger a humanidade de mim.

segunda-feira, julho 24, 2006

Na palma da mão de Deus

Meus quereres são muitos,
um coração vivo, batente, vibrante,
passos largos e dançantes,
ombros soltos e menos contraídos,
braços como asas,
esperança gorda,
olhos de ver o mundo, sem nó na garganta,
mente em paz e segura,
mas meus quereres são muitos.
Estou na palma da mão de Deus,
repousar e depois seguir,
quero sim.

sábado, julho 22, 2006

Quero

Quero que esta tempestade passe.
Quero que o azul revele-se mais.
Quero arrancar do peito esse medo,
medo que devora o sonho,
medo que devora e me acanho... Vá-se embora com meu pranto...
Quero o brilho do ouro em minha aura.
Quero o sorriso de uma menina.
Quero o luar do seu olhar.
Quero o sabor suculento e doce de uma ameixa que doa sua paixão.
Quero vida.
Ser feliz.

quinta-feira, julho 13, 2006

Estou grávida

É... estou grávida.
grávida do medo,
do pranto... santo
da luz,
da fé,
grávida sim... da "condição" humana.
do ser errante,
delirante,
andante,
insistente.

É... estou grávida...
grávida do mundo...
daquilo que é denso e fácil,
sensato e demente,
quieto e borbulhante,
do sim e do não,
do saber e do ignorante... e seus descendentes.

É... como toda mãe... grávida da vida.

Preciso parir minha ESPERANÇA.

terça-feira, julho 04, 2006

Be Strong

sexta-feira, junho 30, 2006

Freud explica

Faça recortes


Faça recortes, cole, sobreponha, remende, rasgue. É assim que deve ser. Sempre.

terça-feira, junho 27, 2006

Todo canto


Ando por distantes terras...

pedregulhos e jardins,
cantos e ritos,
flores e espinhos,
buritis e jasmins,
muito e míngua,
feijão e caviar,
fracos e fortes,
filhos e filhas,
risos e gritos,

fé... e o contrário...

Ando por distantes terras...
e me encanto... em todo canto...
gente que sente,
assim como eu... latente.

segunda-feira, junho 26, 2006

Poeticamente sigo meu dia

A vida me surpreende.
Os dias oceanamente azuis surpreendem.
Enxergo um mar infinito em Minas. Simples assim. Tá lá, é só abrir a janela e olhar. Um espetáculo vê-lo raiar... amo o amanhecer... as vezes acordo cedo para ver seu nascimento. É... como um nascimento, Divino sempre. Coisa de Deus mesmo.
E a sonoridade? Nada igual... uma paz invade minha alma, um silêncio melodioso... Poético.
Momentos Poéticos, dias poéticos. Não me canso de repetir.

As pessoas me surpreendem.
Acredito que poucos conseguem "ver" a poesia da vida. Simplesmente passam por ela. Outras não... tenho uma amiga que escreve coisas divinas sobre a existência humana e sobre o mundo... Ela(*) lê almas e escreve, ela rasga o véu e confidencia numa firmeza absurdamente doce o quão a vida é poesia... isso me surpreende. É como o céu azul. Poético. Ateste, a vida declama. Exclama!
Experimente caminhar ao raiar do dia... a efemeridade do orvalho, o gosto da brisa, o cheiro de luz... é bem sutil. Você e o mundo. Por uma hora apenas, seu corpo inteiro sentirá a poesia do dia.

Fico deprimida quando escurece... no outro dia passa... pois os dias oceanamente azuis e as pessoas de luz continuarão a me surpreender. A vida é poesia... e o humano, nem preciso dizer... todos os dias...

(*)
www.lilianedeus.blogspot.com

domingo, junho 25, 2006

Filha do silêncio

ando meio orfã...
um estado silencioso.
as vezes o silêncio engole a gente... andou me engolindo...
a casa vazia... e os ponteiros do grande contador do tempo são minha companhia...
mas sabe que acabei de tomar por certo que o silêncio é meu aliado? é, ele é bom, bom mesmo. faz a gente pensar no tamanho do negro buraco que ele cabe...
andei, certo tempo atrás, futricando algumas tralhas desse negro buraco.
tão profundo que sequer acho que um dia poderei explorá-lo totalmente.
quanto mais mexo mais ele se engrandece, parece.
como aqueles quebra-cabeças de 1000 peças que você nunca termina de montar...
fica lá, de lado, no cantinnho... quem sabe um dia?
quem sabe num ímpeto, após "um" dos meus "estados" silenciosos, com uma delicadeza firme e com generosidade consiga encaixar as peças.
deverá ser, como já dito em um dos textos aqui deste grande "espaço" negro. (...) com generosidade.
estou orfã, orfã de mim mesma, ou melhor... filha do silêncio...

quinta-feira, junho 22, 2006

Algodão doce

não parece magia?...
aquele açucar todo que se transforma...
em nuvens multicoloridas e doces!
magia pura.
momentos mágicos.
sorrisos mágicos.
pessoas mágicas.
acontecimentos mágicos!
isso eu quero pra minha vida...
um abraço que enlaça,
um sorriso que aquece,
um beijo que amolece,
tudo como a magia do algodão doce...
que alegra, adoça, fascina...
transforma alma minha.

segunda-feira, junho 19, 2006

Espera

O sol já se deitou...
A chuva não caiu...
A lua se escondeu...
E os segundos arrastam as horas...
E segue a demora...

Ouço o sussurro do silêncio...
O caminhar dos ponteiros...
Seu movimento ordenado...
E eu espero...
Todo o dia.

Espero o canto...
Espero o encanto...
Espero o intento...
Espero o instante...
Gestante...

Espero um raio de luz... a paz.
E neste vazio todo o tempo... me lacera.
Essa força que separa...
Esse espaço que se divide...
Múltplas horas.

A espera... rasga a gente.

segunda-feira, junho 12, 2006

Brilho da minha terra


Minha terra,
cheiro de mãe,
colo farto,
sorriso sublime,
cuidado cativo.

Seu luar me seduz,
seus ventos me enlaçam,
suas montanhas me abraçam,
sua vastidão me afaga.

Cantos místicos.
Infindas poesias.
Prosas e sorrisos.
Amores e amigos.
Cirandas e sabores.
Aromas e cores.
Terra de brios.
Terra de brilhos... Brilho da minha terra.

quinta-feira, junho 08, 2006

Tornar-se livre

Escutei outro dia de uma pessoa querida que é preciso ter generosidade.
Generosidade para com tudo e todos... Fiquei pensando nisso. Ser generoso.
Realmente a generosidade é ato. Ato nobre diria, acredito que um ato de liberdade... Aquela tal que vivemos a procura, reviramos gavetas em busca dela!
Sermos generosos com o tempo, com a raiva, com o amor, com os erros, com o mal, com a euforia, com a alegria, com os desejos, com o medo, com a tristeza... enfim com tudo, acredito ser valioso mesmo, acabei acordando. Sejamos generosos.
Para começar descarte os julgamentos, esteja certo, será bom. Seja generoso consigo mesmo, assim não deterá o encontro com essa "tal" liberdade.

segunda-feira, junho 05, 2006

Ir além

Bom mesmo é ir além... ultrapassar minhas montanhas... Lugar afora, lugar distante, errante...
E ter certo, quando careço, seus abraços a poucos passos... Minha terra, ê Minas!

domingo, junho 04, 2006

Mais que um céu azul...

As vezes quero mais que um céu azul.
Quero a paz, a luz, o sossego, o infinito, o eterno, a sabedoria, o sagrado... Estado Divino.

quinta-feira, junho 01, 2006

Pequenos detalhes


Existe uma infinidade deles... Mil detalhes... Só e somente só serão notados se você estiver lento, demorado, arrastado... Prolongado no tempo.

Dias mais lentos...

6h00. Murmura ao ouvir o barulho irritante do despertador, aquela gralha eletrônica que não parava de gritar! Após alguns segundos se rende às obrigações do dia. Esfrega os olhos e lembra que ainda era terça-feira, mais três infinitos dias para o sagrado sábado. Deve levantar. Corre para o banho, quente, sempre. A fumaça ocupa o box, ela desenha e escreve seus versos prediletos... Ela tem mais cinco minutos e nem um segundo a mais.
Pega sua toalha vermelha, em contraste com o azulejo branco e se seca. Escolhe uma calça preta qualquer e a básica blusa branca. Toma seu café rapidamente e vai para o ponto de ônibus. Espera... espera... espera... mais 10 minutos ele deve passar, espera... Quando chega ela suspira, ônibus estava lotado. Aperta-se daqui, encolhe-se dali e no susto encontra-se imersa naquela caixa quadrada com mil e quinhentas pessoas ao seu lado. Uns cochicham dali outros reclamam acolá e ela escuta duas mulheres trocando receitas... Pensa: preciso parar de comer chocolate... aqueles doces após o almoço são um pecado! Olha para o lado e percebe dois rapazes falando sobre academia. Pensa: preciso entrar para academia, exterminar as gordurinhas que a cada dia “procriam” mais! No celular outro rapaz parecia conversar com a namorada, “Calma amor, tudo dará certo... A Júlia irá entender...” Quem seria Júlia, onde mora, o que faz, tantas pessoas no mundo que não conhece, sempre pensava nisso. Porém os problemas parecem se repetir, sempre... É a empregada que não foi, a reunião que não aconteceu, o chefe que é um babaca, a esposa que se preocupa com a lipo, casamentos em crise, a filha com dificuldade em matemática, a prestação do fogão que não foi paga, encontros e desencontros... Ahhh o mundo não muda, tudo sempre da mesma forma. E ela lá dentro da caixa grande cheia de pessoas ao seu redor... Seu ponto chegou. Deu o sinal. Aquele barulhinho que mesmo com o avanço da tecnologia continuava o mesmo. E no torce e retorce consegue depois de muito dizer “dá licença” desce quase que expulsa, repelida pela caixa grande e no impulso já atravessa a avenida. Mil carros da cor prata. Parece que atualmente todos são iguais, por onde anda a dissemelhança? Numa ocorrência jamais poderia colocar para diferenciar seu depoimento a frase “foi um carro prata”! Por onde andam os verdes, vermelhos, amarelos, rosas, roxos?? Todos cor prata. No muito preto. Chega em frente ao edifício, fila para entrar no elevador, mais um pouco e entra no elevador “décimo terceiro, por favor?” a ascensorista sorri e simpaticamente, faz o seu serviço árduo de apertar os ditados andares. Pronto chegou. Segue o corredor e avista a recepcionista, que há dias atrás lamentava não ter acertado na Mega Sena... Naquele dia estava radiante, animada discursava com a telefonista sobre sua vida perfeita, arranjara um namorado.

Passa pelas animadas meninas e diz "Bom dia! Mais um dia!", entra, toma seu lugar, liga o computador, espera uns segundinhos e digita sua senha. Sua carreira estava em plena ascensão. Uma mesa só pra ela, compromissos aprovados pela diretoria, promessas melhores. Suas várias horas de estudo e a conclusão da especialização foi o diferencial, conseguira aquela vaga disputada por muitos. Na tela sua agenda digital avisa sobre as visitas dos clientes importantes daquele dia. Revisão de orçamento... Certamente. Rotina... Ente um cliente e outro, um café, preto (tipo importação). Pouco tempo para o almoço, outro cliente, este bem vestido, terno preto, a gravata colorida demonstrava o estilo “moderninho”, maleta na mão, claro, não poderia faltar! Mais uma vez rever orçamentos... Valores aqui, redução ali já passava do meio dia. Acertados todos os detalhes uma breve paradinha para o almoço, corrido. Na volta, outro cliente, este a esperava na recepção. Mais algumas horas de trabalho, empresários importantes, cálculos gigantescos, números e negociações... Ela era muito boa nisso. A tarde não se arrastou, foi ligeira como nos tempos em que brincava com seus amigos no jardim de infância, só que agora com um pouquinho mais de responsabilidade... Mais 5 minutos para as 18 horas e ela ainda não terminara as tarefas do dia...necessário sair um pouco mais tarde. Antes de sair seu chefe tece elogios e sorri e a colega, recepcionista, certamente, naquele momento já estaria na lanchonete mais próxima acertando os detalhes para o próximo fim de semana. No escritório somente ela. A agenda ainda estava cheia, alguns telefonemas, cálculos básicos, contatos via e-mail e estaria livre... até o dia seguinte pelo menos. Mais um dia, nenhuma surpresa extraordinária mas, tudo dentro do que ela sempre planejara para a carreira. É... e pensar que o que ela realmente queria era um bom vinho tinto... um filme intenso... um abraço... um acalento... dias mais lentos... nada além disso. Algo simples e mágico como nas telas de cinema. E agora... Mais responsabilidade e menos tempo.

quarta-feira, maio 31, 2006

Desabafo...

É... hoje um amigo me disse que as coisas que escrevo não passam de meros desabafos...
Pensei, tudo bem, não sou nenhum Drummond, Lispector, Veríssimo ou tão pouco o Pessoa! Mas pergunto: Qual desses aí não escreve seus desabafos? Deixei pra lá, continuei escrevendo, senão ele iria acabar me convencendo...

quinta-feira, maio 25, 2006

Tarde fria, quente a alma

Tarde fria...
quente a alma... Ela que acabara de declarar seu amor ao mundo, descansa na calçada.
Observa o movimento, que naquele momento, parecia estar mais lento.
O vai-e-vem dos mais apressados, o zumbido do trânsito alvoroçado.
A brisa acaricia seu rosto e anuncia um tempo mais amistoso.
Respira fundo...
Uma senhora atravessa a rua e seus olhares se cruzam.
Ela tenta decifrar os segredos daquele olhar. Negros, cansados... blindados. Traduziam uma vida menos feliz...
Depois uma criança, inocência, outra esperança...
Seu corpo se entrega ao tempo, ao vento... Ela que acabara de declarar seu amor ao mundo.

terça-feira, maio 23, 2006

Melodramático dia

Ela acorda cedo, água fria, diante do espelho (espelho, espelho seu) já encontra rugas a mais em seu rosto. Começa aí seu doce e melodramático dia! As vezes é assim... muitas vezes. Veste aquela blusa branca e descobre que não estava tão branca assim, tira e troca pelo "conjuntinho" azul que ganhou da amiga quando comemorou o dramático 30º aniversário... (Felizmente, atualmente, sabe como Balzac descreveu tais beldades) descobre que o zipper estava estragado, além de a deixar meio "fat"... revira as gavetas e descobre um vestido de alcinha estampado... "fat" de novo! Ô dia! Veste mil roupas e nenhuma lhe cai bem... opta pelo "pretinho básico", apesar do calor estar de matar (ar condicionado serve para isso...) Corre novamente para o espelho e passa "aquele" batom, o "tal" que mais combina com sua pele, quando percebe que o fantástico Payot está quase no fim, é o fim! Precisa pensar onde encontrará um exatamente igual para comprar. Bem, borra-se com o rímel e desiste na segunda tentativa... Sai as pressas sem o seu sagrado café matinal, faltavam 10 minutos para o início "daquela" entediante reunião! Liga o carro e a luz do combustivel acende... ufa... mais uma tarefa antes do fatídico compromisso...
De repente lembra que o documento para a tal reunião ficou em casa, suspira e sobe até o terceiro andar num fôlego só. Abre a porta, pega o documento que estava sobre a mesa, e num impulso veloz, que diga-se de passagem faria inveja ao The Flash, desce os três andares em menos de 15 segundos e antes que sua mão alcancasse a porta do carro, ela tropeça e adeus mais um salto, a única peça que estava perfeita para o dia... Melodramático dia...

sexta-feira, maio 19, 2006

Uma pessoa comum

Uma pessoa comum
adora caminhada,

fica gripada,
da gargalhada,
canta animada,
uma moça iluminada.

Ônibus lotado, odeia...
espera demorada, aversão...
fofoca desenfreada, espera calada...
uma mulher acanhada .

Adora sabores,
guarda rancores,
espera amores,
esconde primores,
uma criança pouco ajuizada.

Uma pessoa comum.

quarta-feira, maio 17, 2006

Hipnose . Cena de cinema

Num corredor escuro,
longo,
quieto,
curiosa adentro.

Sigo lentamente,
no crepúsculo,
vejo reflexos no chão,
vindos das portas abertas, várias delas...
continuo passo a passo.

Ruidos atraem minha atenção,
sons discordantes,
discrepante sintonia.

Diante de mim imagens,
luzes que me chamam,
me hipnotizam,
vertigem.

Em qual porta entrar?
Qual encerrar?
Hipnose.

segunda-feira, maio 15, 2006

Terrível compasso

Minha cabeça dói,
murmurinhos invadem minha calma,
pulso chumbo,
tormentos ritmicos martelam a mente,
como o sino da Catedral,
constante,
possante,
robusto,
valente,
terrível compasso.

quarta-feira, maio 10, 2006

As vezes lunática

__ É você é assim!
__ Assim como?
__ Melodramática.
__ Eu?? Melodramática? Nunca! Olha, escuta aqui, você me insulta desse jeito e quer o que? Arrasto correntes por você e escuto isso?!!!
__ Querida, você entende tudo errado, eu digo uma coisa e você entende outra... parece lunática!
__ Nossa, só porque eu entendo carmim quando você diz jasmim, gato quando diz pato, lagarto quando diz retrato... esclarecimento quando diz abastecimento?
__ Rá! Não tô falando... louca!
__ Como? Você disse rouca? É... só um pouco, estou mesmo rouca.
__ Básico... deixa prá lá...
__ É, vai melhorar. Amor, vamos jantar?

segunda-feira, maio 08, 2006

Inteira metade

Metade um lobo uiva, vocifera a lua;
Outra metade uma libélula, voante, sem alarde;
Metade um poço fundo, negrume;
Outra metade Sol, resplandecente brilha;
Metade uma fera voraz, adormecida;
Outra metade uma fada atenta ao tempo e ao vento;
Metade brisa leve, recente;
Outra metade tempestade, tumultuante;
Metade eco falante;
Outra metade reservado cala,
Metade sim, quase não
Metade cheio, outra vão

Inteiramente metade.

quarta-feira, maio 03, 2006

Desejo de criança


Absolutamente fascinante seu olhar atento, seu sorriso
largo , faiscante , latente , ligeiramente cintilante.
Fita extasiado seu objeto do desejo...
... simplesmente brincar. Básico assim.


terça-feira, maio 02, 2006

O por que de tudo

Sabe a fase dos por ques? Quando crianças passamos por esta, como vou dizer... "ocupação".
Por que o cão late? Por quê o vaga-lume pisca?
Por que o camelo tem duas e não uma corcova?
Queremos explicação para a listra branca (ou preta) daquele cavalo esquisito que mora no zoológico.
É... o olho brilhava a cada descoberta... um período "turbulentamente" mágico.
Certa vez, um menino atento, me lançou esta:
__ Quem criou Deus? Tá aí uma pergunta que eu nunca consegui responder!
Ainda hoje, como ele, tento encontrar os por ques de tudo. Acho mesmo, sem pudor, que este meu estado "ingênuo" não passou, confesso que quero saber o por que de tudo! Isso é meu, bem típico, peculiar diria. Mas pra falar a verdade, acho que todo mundo é assim, os que não são, são desvio de rota.
As interrogações são minhas eternas companheiras, me pego sempre questionando o por que da vida... o por que de estarmos aqui... nesse movimento ininterrupto que nos arrasta para outro tempo, outro minuto... a cada segundo... nesse movimento bruto as vezes, que mesmo sem querer (freqüentemente) somos obrigados a dar mais um passo, na maioria das vezes em direção a maturidade... esta sim é a condição da evolução humana... essas são algumas das mais complexas questões que me acercam, mas a lista que me abraça se estende, vai dos por ques da natureza humana aos por ques do pára-choque do vizinho!
Bom mesmo seria ter uma fada-madrinha, daquelas de contos de fadas, "metade fada", "metade madrinha" para responder as caraminholas que insistem em passear em minha mente... fervente.
Quando canso aí paro... paro, mais uma vez para pensar (mais um pouquinho) e resolvo deixar a vida seguir seu curso... seja como ela quiser, quente ou fria, veloz ou lenta, em frente, sempre.
Bem, mas por que mesmo será que estou aqui??
:)

segunda-feira, maio 01, 2006

Memória a dentro

Ontem era vazio...
Folhas dançavam no chão... inverno.
Vi crianças na rua, gritos acanhados...
Vi mulheres com seus saltos,
deslizavam na calçada.
Tudo muito lento, lento e morno...
Vi homens apressados com suas maletas do desejo.
Ouvi a melodia do vento que trouxe a minha mente, quente, um sopro do passado.
Eu no vazio-cheio, em desordem, não encontro minha bagagem.
Mexo e remexo, busco o sabor da tarde, o rubro amor que perdi numa dessas tempestades que reviram o mar do avesso.
Busco minha história... onde está a mémória? Rasgo tudo, laço o vento e entro lembrança a dentro...
Já sinto a brisa intensa, leve ela balança seu cheiro de longe.
O fragmento profundo do que não viverei mais.
Vida minha.

terça-feira, abril 25, 2006

Não dito

Minhas palavras dizem o não dito,
murmuram cicatrizes,
rangem os dentes,
declaram o silêncio ( ),
gritam o mudo.

Minhas palavras traduzem o gesto,
mastigam meus tons,
frágeis e fortes,
sagrados e levianos.

Dizem que amo o que não toco,
não vejo mas sinto.
Minto verdades.
Minhas palavras emudecem fragmentos do que sinto,
fração de mim.

quinta-feira, abril 20, 2006

terça-feira, abril 18, 2006

Mais um dia

Amanhece...
pés no chão,
passo a passo,
ela anda,
indolente,
lava o rosto,
água fria...
encara o espelho,
estampa o sorriso,
ilumina...
e palpita...
mais um dia.

segunda-feira, abril 17, 2006

Sonoras ranhuras

Minhas sonoras ranhuras revelam.
Rastros biográficos,
de reticências,
de turbulências,
peregrinos caminhos,
essências de mim.
Restos de gente,
profundas ranhuras,
intensas espessuras,
ladram meu Ser.
Ser contuntende,
incerto e evidente,
ambíguo querer.
Meu EU errante,
vaga andante,
arbitrário e constante.
Revelo extremos... me conheço?

terça-feira, abril 11, 2006

Vou ao cinema

Um convite
mãos dadas,
andar deslizante,
andante,
solto,
vou ao cinema.
As luzes se apagam,
deleito em seu ombro,
mergulho em imagens,
eu estou lá.
Olhar atento.
Sou fragmento,
do enredo,
sou imagens-personagens,
multiplicidade única,
envolvente magia.

segunda-feira, abril 10, 2006

Outro MEU lugar

O outro meu lugar,
transponho o presente,
delírio da mente.
Uma colina,
silenciosamente latente,
grandiosa janela,
desloco e vejo.
Relevo e cor,
o gramado verde-esperança e margaridas...
estação dos ventos,
azul declarado...
A alma escapa,
em passos leves, deveneios seguros e sorrisos doces...
Uma paz arrebatadora,
em suspiros de renúncia, olhares de esperança e gestos brandos...
O lugar para estar, lá estou.
Driblo a vertigem e o pulso pulsa, menos louco.
Dilato, desfio, desdobro,
A liberdade me aprisiona e clama... uma centelha de luz.

domingo, abril 09, 2006

quinta-feira, abril 06, 2006

Entreverdesperança

Aquela felicidade

Dizem por aí que o que faz a gente feliz é o dinheiro, mas eu não acredito nisso não.
Não mesmo!
Mas a encontro no caminhar sem rumo, passo a passo em companhia da brisa fria que me abraça, da chuva que me refresca e do sol que me aconchega...
Presente está na esperança iluminada que brota a todo instante...
Um irmão por perto, no momento certo, ta aí do que a alma precisa, um braço de alegria.
É... momentos assim eu quero todo dia!
Mas bom mesmo, magia, eu diria, é sentar à mesa com um amigo do peito, contar os feitos e se acabar de rir!
Feliz mesmo, me faz, um olhar brilhante, um toque extasiante e um sorriso largo de quem se ama, meu amor ao alcance!
A vida é uma ciranda, é isso.
Uma ciranda colorida, num ritmo rápido, outras vezes lento, segue em harmonia discordante.
É... a vida-ciranda é assim...
Mas olha, pra falar a verdade, felicidade eterna, daquelas tamanhas que não acabam nunca não acredito existir por aqui não.
Porém, garanto, um fiapo dela já vale a vida! Coisa boa!

segunda-feira, abril 03, 2006

Como no cinema

Ah! O mundo gira, a vida caminha... Contínua...
Como no cinema, a vida é a cena em movimento.
Como prendê-la? Como imobilizá-la?
Escapa ao olhar atento!
E as vezes assusto...
Diante de mim, o tempo passa... e na tela o percorrer é voraz.
É assim que deve ser...
Eterno caminhar... Claro, em busca do final feliz!

quinta-feira, março 30, 2006

É isso aí...

Pensando na vida conclui que ela pode ser mais simples do que se imagina...
A vida doa momentos, doa sentidos...
nós, diversos, múltiplos que somos, capturamos de forma particular o que ela tem a nos oferecer; e como numa hipnose mágica fazemos destes momentos uma oportunidade de desvario libertador. É a oportunidade do ser humano encontrar-se e descobrir-se como ser exclusivo, dotado de riquezas inigualáveis e incomparáveis. Todo ser é diferente, único, dono do seu próprio “eu” e responsável pelo seu rumo. Este achado transborda em experiências extraordinárias entre o encontrar-se e o doar-se, num movimento mútuo em busca da elevação humana, traduzindo diferenças e resgatando o valor do “eu” num âmbito particular e coletivo.

Por isso vale a pena!

quarta-feira, março 29, 2006

segunda-feira, março 27, 2006

Embriago...

Minhas histórias

Cinzas espalhadas pela casa,
densas camadas.
Ontem revirei as gavetas e encontrei a caixa.
suspiros lá...
memórias dançavam...
mergulhei...
rubras lembranças.
Sempre saltam como numa tela de cinema,
suaves,
aveludadas,
quase como uma pintura, daquelas que atraem e prendem o olhar.
Quanta poeira...
densidade...
intensidade...
opacidade...
derivo, passo a mão, fixo o olhar,
lá estavam elas...
MINHAS HISTÓRIAS.

Sou

Sou uma efígie múltipla.

Não mais

Imóvel no escuro,
Nem um passo, sequer um gesto,
Um lugar crepuscular, porém fresco.
Passam segundos,
uma luz pequena brilha,
pisca sem parar, incansável... um pirilampo.
O brilho ofuscante mostra o rumo,
e a quietude se torna insustentável, caminho.
Sigo cega, firme
como uma presa confiante ao fugir do predador.
No silêncio portas rangem e sigo o brilho.
Um piano canta e obstinada continuo.
Uma fresta... transparente, mágico diria,
provoca minha atenção
na imensidão crepuscular
preciso seguir...
Num instante o brilho freqüente se apaga, declara minha solidão
Escuto passos, lentos,
pretos passos,
uma mão se agarra a minha
me conduz
E a solidão se torna insustentável, caminho

Sigo firme, cega porém... não mais só.

sexta-feira, março 24, 2006

Texturas

Olhar lírico

É... o olhar dela é lírico!
Emana o frescor intenso dos jovens apaixonados pela vida!
Faísca descobertas... janelas abertas para indizíveis histórias...
Pulveriza alegria!
Consagra o mundo com um brilho melódico!
Enfeitiça...
Enamora a busca pelo novo, sem medo fixa e arrisca.
Intenso lateja musicalidade e firme segue, sempre!
É... o olhar dela é lírico!

Para a encantadora Pimenta
www.rabiscosemcensura.blogspot.com

quinta-feira, março 23, 2006

Consome

Essa saudade me consome... nunca some.
Um calafrio agudo, musgo.
No passado vejo recortes felizes, entremeios... o sim e o não.
A saudade me consome como um cão encoleirado. Irado ele luta ao revés, uivos dilatados...
Tons de cinza, profundos abismos, entremeios... o aconchego e o abandono.
Eu conto os dias,
dor imensa,
não cessa,
angústia,
peno e choro,
pranto manso e canso...
No compasso sigo o ritmo medido, harmonia entre a dor e a magia.
Fria a artéria pulsa e latente geme... a saudade me consome...
Não há solução.

Horizonte meu